Resenha de Segunda Fundação (Trilogia Fundação #3), de Isaac Simov

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Segunda Fundação é o terceiro e último livro da trilogia original da Fundação, uma das obras mais famosas e influentes da ficção científica. Neste livro, o autor encerra com maestria a história iniciada em Fundação, que narra a saga da humanidade em um futuro distante, quando um cientista chamado Hari Seldon prevê o colapso do Império Galáctico e cria um plano para preservar o conhecimento e a civilização através de duas fundações, localizadas nos extremos opostos da galáxia.

O livro é dividido em duas partes, que foram publicadas originalmente em separado na revista Astounding Science Fiction. A primeira parte se chama A Busca do Mulo e mostra o conflito entre o Mulo, um mutante com poderes psíquicos que conquistou metade da galáxia e a Primeira Fundação, e está em busca do que acredita ser o seu único obstáculo da conquista total: a Segunda Fundação, que é a guardiã do plano de Seldon e que tem como objetivo manipular sutilmente os eventos históricos para garantir o retorno da ordem e do progresso.

A segunda parte se chama A Busca da Fundação e se passa 55 anos depois da primeira, quando a Segunda Fundação, que acredita ter derrotado o Mulo, enfrenta uma nova ameaça vinda de dentro da Primeira Fundação.

O livro é um exemplo da genialidade de Asimov, que consegue criar um universo rico e complexo, com personagens interessantes e tramas envolventes, que misturam ciência, política, psicologia e filosofia. O autor também demonstra um grande domínio da narrativa, que é ágil, inteligente e cheia de surpresas e reviravoltas até a última página.

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Um dos aspectos mais fascinantes do livro é a forma como Asimov explora os paralelos entre o Império Galáctico e o Império Romano, que foi uma de suas inspirações para escrever a série. Assim como o Império Romano entrou em decadência e foi invadido por povos bárbaros, o Império Galáctico também enfrenta uma crise e é ameaçado por forças externas e internas. A Fundação seria uma espécie de Bizâncio, que preservou parte da cultura e da ciência romanas, enquanto a Segunda Fundação seria uma espécie de Ordem dos Jesuítas, que atuou nos bastidores para influenciar a história e a religião. O Mulo, por sua vez, seria uma figura semelhante a Átila, o Huno, que foi um dos maiores inimigos de Roma e que quase destruiu a civilização ocidental.

Outro aspecto relevante do livro é a importância do personagem do Mulo para o escritor. O Mulo é um dos vilões mais carismáticos e complexos da literatura, que desperta tanto medo quanto simpatia no leitor. Ele é um ser solitário, que busca o amor e a aceitação, mas que usa seus poderes para dominar e controlar as pessoas. Ele é um desafio para o plano de Seldon, que não previu a existência de um mutante capaz de alterar as emoções e as motivações humanas. Ele é também um reflexo do próprio Asimov, que se sentia um outsider e que sofria de fobias sociais. O Mulo é, portanto, um personagem que revela muito sobre o autor e sobre a natureza humana.

Ilustração de Isaac Asimov

O livro também aborda as implicações políticas e sociais da história para a existência da Segunda Fundação. Ela é uma organização secreta, formada por psicólogos que dominam a arte da psico-história, que é a ciência que prevê o comportamento das massas humanas. A Segunda Fundação tem como missão proteger o plano de Seldon e garantir que a humanidade alcance um novo estágio de desenvolvimento, após o fim do Império Galáctico. Para isso, ela usa seus conhecimentos e habilidades para manipular os eventos e as pessoas, sem que elas percebam. Assim, ela representa uma forma de poder oculto, que age por trás das cortinas, e que levanta questões éticas e morais sobre a sua legitimidade e a sua responsabilidade. O livro faz o leitor se perguntar se a Segunda Fundação é uma benfeitora ou uma tirana, e se o fim justifica os meios.

Um ponto negativo do livro, que pode ser estendido à trilogia como um todo, é a falta de diversidade e de representatividade. O livro é um produto de sua época, e reflete os preconceitos e as limitações do autor e da sociedade em que ele vivia. O livro é um espaço só com pessoas brancas, que ignoram a existência e a importância de outras raças e culturas. O livro também é um espaço predominantemente masculino, que relega as mulheres a papéis secundários e estereotipados. O livro, portanto, peca por não reconhecer e valorizar a pluralidade e a igualdade humanas. Duas personagens femininas importantes em um mar de homens não faz jus à isso.

Resenha: Trilogia Fundação - Isaac Asimov | Giorgio Braz

O livro, e por extensão a trilogia, tem um ritmo fluido e com bom humor, que torna a leitura agradável e divertida. Asimov usa um tom irônico e sarcástico para retratar as situações e os personagens, e para criticar as fraquezas e as contradições humanas. O livro também tem momentos de tensão e suspense, que mantêm o leitor curioso e ansioso pelo desfecho. O livro é uma obra-prima da ficção científica, que combina entretenimento e reflexão, e que agrada tanto aos fãs do gênero quanto aos leitores em geral.

Atualmente, há uma série adaptando as histórias da trilogia, que está sendo produzida pela Apple TV+. A série se chama Foundation e tem como criador e showrunner David S. Goyer, que é conhecido por seu trabalho em filmes como Batman Begins e Blade. A série tem como protagonistas Jared Harris, que interpreta Hari Seldon, e Lee Pace, que interpreta o Imperador Cleon. A série estreou em 2021 e já tem segunda temporada.

Caíque Apolinário
Caíque Apolináriohttp://bookstimebrasil.com.br
(elu/delu - ele/dele) Escritor de quatro livros de ficção cientifica e host de alguns podcasts do portal. Viciado em café, multi tarefas e o suporte de toda a equipe.

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