Resenha de Mona Lisa Overdrive, de William Gibson

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Senhoras e senhores, não sejam wilsons, e conectem os seus trodos e liguem suas máquinas, se acomodem muito bem em seus assentos confortáveis (ou não) e se lancem ao cyberespaço e explorem toda a matrix. Que está mais viva do que nunca!


Editora Aleph 320 páginas

Sinopse:

As Inteligências Artificiais assombram a matrix. O ciberespaço, essa espécie de alucinação coletiva, está cada vez mais perigoso. As Inteligências Artificiais atingiram a autoconsciência e dividem esse espaço com os mais inusitados personagens, movidos por interesses diversos e intenções nem sempre lícitas. Nesse cenário, três diferentes histórias se entrelaçam e trazem o leitor de volta para o universo de Neuromacer, em uma última e impactante aventura. Monalisa Overdrive é o terceiro volume da Trilogia do Sprawl


Deixem a sanidade um pouco de lado e venha se aventurar pelo Sprawl. Não que este livro seja completamente doido de LSD, mas é quase. Neste livro, que fecha toda a estória que William Gibson, um dos precursores das distopias cyberpunks, escreveu começando com o fascinante Neuromancer alguns anos antes, traz diversas tramas que se interligam e se fecham como um perfeito terceiro ato cinematográfico. E por que não, literário?

Pois é exatamente assim como o autor conduz todo este terceiro livro. Ele apresente novos personagens que tem o seu próprio arco, cada um trazendo suas próprias críticas sobre o mundo e entregando uma nova perspectiva sobre tudo o que os rodeia. Entretanto, os eventos desencadeados nos livros anteriores continuam a se desenvolver a todo vapor e personagens dos dois livros retornam para encerrar este grande ciclo.

Uma das críticas bem construídas e desenvolvidas, é sobre o mundo das celebridades. Como quando você se torna um ícone mundial, muitas coisas não importam mais e o que o ícone representa, é muito maior que a sua personalidade. O submundo hacker ainda é importantíssimo para os desenvolvimentos dos personagens, e as inteligências artificiais, estão cada vez mais fortes e se solidificando.

Passear pelo cyberespaço nunca foi tão perigoso e ao mesmo tempo, alucinante. Com a matrix cada vez mais viva, mas que mesmo assim, não tem muito espaço na trama. O que tem muito destaque são as investigações, algumas despretensiosas, outras bem pretensiosas, que lidando com seus próprios contrastes se interligam e se fundem de maneiras extraordinárias. Com uma narrativa que ainda é poética e dinâmica, como já dissemos em outras resenhas.

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O final se preocupa em fechar os arcos de todos os seus personagens principais, e te faz pensar em como estamos construindo tal mundo, controlado por dados interconectados que nos afetam cada vez mais de modo pessoal. Estamos prontos para isso?

Pois já temos nossa vida praticamente inteira nas redes sociais e em cadastros de diversas lojas que podem ser acessadas por qualquer pessoa (ou I.A.) com boas ou más intenções, que podem te alertar sobre o que você faz na internet, ou acabar com sua vida. E há nada que podemos fazer para parar este trem que vai rumo a um mundo cyberpunk.

Eu já olho pela janela e vejo o céu com a cor de uma televisão sintonizada num canal fora do ar…

Caíque Apolinário
Caíque Apolináriohttp://bookstimebrasil.com.br
(elu/delu - ele/dele) Escritor de quatro livros de ficção cientifica e host de alguns podcasts do portal. Viciado em café, multi tarefas e o suporte de toda a equipe.

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