“Ideias para Adiar o Fim do Mundo“, escrito por Ailton Krenak, é uma obra que nos convida a repensar nossa relação com o planeta, a humanidade e a própria vida. Neste livro, Krenak nos presenteia com reflexões profundas e urgentes, como um chamado à ação para preservarmos o mundo que habitamos.
O livro é estruturado em três capítulos, referentes a palestras e adaptação de uma entrevista realizada em Lisboa, Portugal e de outras palestras. Ailton Krenak, indígena do povo Krenak, oriundo da região do Vale do Rio Doce, é um produtor gráfico, jornalista e ativista do movimento socioambiental e dos direitos dos povos indígenas. Sua voz ecoa como um alerta sobre os impactos das ações humanas no planeta, orientadas por uma cosmovisão que nos separa da natureza e nos conduz à autodestruição.
Krenak nos convida a questionar a ideia de humanidade construída ao longo de milênios. Ele pondera que a noção de humanidade alinhada à civilização moderna, tem sido responsável por grandes atrocidades, como a colonização. A crença de que os europeus podiam colonizar o mundo estava sustentada na premissa de que havia uma “humanidade esclarecida” que deveria trazer a “humanidade obscurecida” para a luz. Essa visão eurocêntrica perpetuou o massacre dos povos indígenas e a exploração desenfreada da natureza. Internamente e externamente.
O projeto civilizacional moderno tem nos afastado da mãe natureza. Krenak argumenta que a estrutura da humanidade moderna legitima a dominação e a exploração insustentável dos recursos naturais. Enquanto isso, as comunidades tradicionais, compreendidas como “sub-humanas” pela modernidade, oferecem uma alternativa à lógica de autodestruição. Elas mantêm uma cosmovisão que valoriza a relação ancestral com a terra e a natureza.
O autor defende a preservação das narrativas e perspectivas das comunidades tradicionais. Essas vozes são fundamentais para contrapor a visão dominante que legitima a exploração da natureza. A pluralidade de culturas e a ancestralidade são essenciais para a sobrevivência do planeta. As simbologias e um novo tato com a natureza, são grandes pilares do livro e chamam a atenção de quem lê.
“Ideias para Adiar o Fim do Mundo” é um chamado à consciência. Ailton Krenak nos lembra que somos parte da teia da vida, interconectados com todas as formas de existência. Suas palavras nos instigam a adiar o fim do mundo, não apenas como um ato de sobrevivência, mas como um gesto de amor à vida e à Terra que nos acolhe.