Resenha de A 5ª Estação, de NK Jeminsin

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Vemos aqui o começo de uma obra-prima da ficção científica e fantasia que inicia a trilogia A Terra Partida de forma épica. Ele se passa em um mundo devastado por constantes catástrofes naturais, conhecidas como “estações”, causadas por falhas nas placas tectônicas. Essas estações são eventos apocalípticos que moldam a vida e a sociedade dos habitantes deste mundo.


Editora: Morro Branco
Páginas: 560 páginas

Sinopse:

Três coisas terríveis acontecem em um único dia: Essun volta para casa e descobre que seu marido assassinou brutalmente o próprio filho e sequestrou sua filha. Sanze, o poderoso império cujas inovações têm sido o fundamento da civilização por mais de mil anos, colapsa frente à destruição de sua maior cidade pelas mãos de um homem louco e vingativo. E, no coração do único continente, uma grande fenda vermelha foi aberta e expele cinzas capazes de escurecer o céu e apagar o sol por anos. Ou séculos. Mas esta é a Quietude, lugar há muito acostumado à catástrofe, onde os orogenes – aqueles que empunham o poder da terra como uma arma – são mais temidos do que a longa e fria noite. E onde não há compaixão.


A história é contada através de três linhas narrativas distintas que, de maneira magistral, se entrelaçam no arco final épico. Cada linha narrativa segue uma personagem diferente: Essun, uma mulher em busca de sua filha desaparecida após a morte brutal de seu filho; Damaya, uma jovem descoberta com poderes especiais de orogenia; e Syenite, uma orogênica em treinamento que sai em missão com o mais habilidoso no assunto.

A narrativa de Jemisin é habilmente construída, revelando aos poucos como essas histórias se conectam e culminam em um desfecho surpreendente e poderoso. Preste atenção nos detalhes!

As implicações de viver em um mundo com tantas falhas tectônicas são profundas. As estações representam não apenas desastres naturais, mas também refletem a fragilidade e a resiliência da humanidade. A relação dos humanos com o planeta é explorada de maneira intensa, trazendo importantes reflexões sobre sobrevivência, adaptação e a luta pelo poder em um ambiente hostil.

N. K. Jemisin utiliza essas catástrofes para tecer uma narrativa rica em simbolismo e crítica social. A exploração dos poderes orogênicos, que permitem a alguns humanos controlar a energia sísmica e cinética, levanta questões sobre opressão, medo e controle sobre quem é diferente.

Resenha de A 5ª Estação, de NK Jeminsin
Trecho de A 5ª Estação, de NK Jeminsin, retirado da Amazon

A autora não apenas cria um mundo fascinante e complexo, mas também desafia os leitores a refletirem sobre questões contemporâneas através de sua ficção. Como uma boa ficção científica deve ser. E como é marca de quem estuda ancestralidade e povos originários, a marca da ficção científica de Jemisin não é super tecnológica ou bélica, é natural, é orgânico, faz sentido dentro do cânone seja qual for a época retratada.

A 5ª Estação é uma leitura envolvente e provocativa que combina elementos de fantasia e ficção científica com uma narrativa profundamente humana. Jemisin inicia sua trilogia com uma história épica para uma trilogia que se desenha como grandes épicos.

Caíque Apolinário
Caíque Apolináriohttp://bookstimebrasil.com.br
(elu/delu - ele/dele) Escritor de quatro livros de ficção cientifica e host de alguns podcasts do portal. Viciado em café, multi tarefas e o suporte de toda a equipe.

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