Crítica: Pobres Criaturas (2024)

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Pobres Criaturas, dirigido por Yorgos Lanthimos, é uma obra cinematográfica que transcende as convenções e desafia o espectador a explorar os recantos mais profundos da experiência humana. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Alasdair Gray.

A trama gira em torno de Bella Baxter (interpretada pela talentosa Emma Stone), uma jovem que vive reclusa em uma luxuosa mansão com Godwin Baxter (Willem Dafoe). O que torna Bella singular é o fato de que ela já havia morrido, mas foi ressuscitada por meio de um experimento científico no qual lhe foi implantado um novo cérebro. A curiosidade de Bella sobre o mundo exterior cresce à medida que sua mente evolui, e ela acaba conhecendo o advogado malicioso Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), que a convence a embarcar em uma jornada aventuresca por diferentes continentes. Nessa jornada, Bella se transforma como mulher, cidadã, pessoa empática, desafiando os padrões sociais e questionando os limites da identidade.

Sugestão de Fevereiro: Pobres Criaturas - Epopculture News

O visual de Pobres Criaturas é um dos seus maiores trunfos. Yorgos Lanthimos brinca com a arte surrealista, criando paisagens e cenários que mesclam elementos góticos inspirados em Frankenstein no primeiro ato e o estilo steampunk a partir do segundo ato. As cenas são visualmente impactantes, alternando entre preto e branco e cores vibrantes. O diretor utiliza enquadramentos incomuns, desafiando as convenções cinematográficas e criando uma experiência única para o público.

Além disso, o filme aborda temas profundos e atuais. A descoberta da sexualidade feminina, a vontade de explorar o mundo e os choques de gênero são explorados de forma sensível e provocativa. Bella, como protagonista, personifica a dualidade entre a “sociedade polida” e a busca pela verdadeira essência. A filosofia e a lógica permeiam a narrativa, e Bella aprende sobre as complexidades das classes sociais após deixar para trás sua inocência inicial.

Conheça Pobres Criaturas, indicado a 11 categorias no Oscar 2024

A jornada de Bella segue uma estrutura típica do herói, inclusive com a volta ao lugar de partida da jornada, mas com nuances inspiradas na jornada da heroína de Maureen Murdock, onde a jornada é mais profunda e para dentro de si quebrando amarras. O filme convida o espectador a debater e absorver lentamente suas camadas de significado. É uma obra que merece ser revisitada, pois revela novos detalhes a cada assistida.

Que maravilhosa atuação de Emma Stone, fazendo trabalho melhor do que tinha feito em La La Land, onde ganhou um Oscar. O filme consegue te captar a atenção com um humor sempre ácido e bem preciso em seus ganchos, trazendo uma reflexão forte através do bizarro, da estranheza, do extraordinário.

Com 11 indicações ao Oscar 2024, incluindo melhor filme, melhor diretor e melhor atriz, Pobres Criaturas é uma experiência cinematográfica que perturba, seduz e nos faz refletir sobre nossa própria humanidade.

Caíque Apolinário
Caíque Apolináriohttp://bookstimebrasil.com.br
(elu/delu - ele/dele) Escritor de quatro livros de ficção cientifica e host de alguns podcasts do portal. Viciado em café, multi tarefas e o suporte de toda a equipe.

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