Prepare-se para uma aventura monstruosa, repleta de criaturas gigantes, personagens cativantes e uma boa dose de alívio cômico para tempos complicados. Em A Sociedade de Preservação dos Kaiju, John Scalzi nos leva para um mundo paralelo onde kaijus — criaturas enormes como os clássicos monstros do cinema japonês — existem e precisam ser protegidos. E, em meio a tudo isso, nossa própria realidade pandêmica entra em cena, dando um toque curioso e familiar ao enredo.
Editora Aleph
304 páginas
Sinopse:
Quando a cidade de Nova York é assolada pela covid-19, Jamie Gray perde o emprego e passa a trabalhar com delivery. Até que faz uma entrega a um cliente especial: um antigo conhecido, membro de uma obscura “organização de direitos de animais de grande porte”, que precisa achar alguém que tope embarcar em um misterioso trabalho de campo. Jamie aceita de pronto.
O que Jamie não sabe é que os animais com os quais vai lidar não estão na Terra. Bem, não na nossa Terra, pelo menos. Em uma dimensão alternativa, criaturas enormes chamadas kaiju, do tamanho de dinossauros, perambulam num mundo quente e sem humanos. São os maiores e mais perigosos pandas que existem, e estão em risco.
Mas a Sociedade de Preservação dos Kaiju não foi a única que chegou a esse mundo alternativo. Outros grupos fizeram o mesmo, e o menor descuido pode causar milhões de mortes na nossa Terra. Parece que salvar um monstro gigante nunca foi tão importante para os terráqueos… de qualquer uma das dimensões do universo.
A história se passa durante a pandemia de COVID-19, o que já nos ambienta em um cenário contemporâneo e carregado de referências que qualquer leitor recente vai entender e se identificar. Em meio a quarentenas e desinfetantes, Scalzi utiliza o contexto global para justificar uma fuga (literal) de seu protagonista, Jamie Gray, para uma missão um tanto incomum: proteger monstros gigantes. Jamie, um protagonista inteligente e perspicaz, entra nessa trama com pouca preparação, mas muito entusiasmo, o que o torna uma companhia divertida e relacionável ao longo da leitura.
Scalzi acerta ao incluir uma equipe diversa e representativa, abordando diferentes identidades e personalidades com leveza e naturalidade. Cada membro da equipe da Sociedade traz uma história de fundo e características únicas, o que torna o grupo mais dinâmico e, mais próximo do mundo real. A diversidade dos personagens é explorada de modo descontraído, sem tentar ensinar grandes lições, mas simplesmente mostrando como, em um mundo de monstros gigantes, a inclusão também tem seu lugar.
Se você já conhece o estilo de Scalzi, sabe que ele é conhecido por uma narrativa ágil e com diálogos rápidos e bem-humorados. Em A Sociedade de Preservação dos Kaiju, ele não se afasta dessa abordagem. A escrita é leve e direta, ideal para quem busca uma história descomplicada e cheia de ação. A história flui como um bom filme de ação, em que tudo se encaixa para entreter e, claro, arrancar algumas risadas com situações surreais e tiradas espirituosas. Esse tom torna o livro uma leitura fácil, quase como uma pausa de qualquer outro tema mais denso.
Um ponto que pode desagradar leitores que buscam dramas profundos é a superficialidade dos conflitos. John Scalzi opta por não aprofundar questões mais densas ou éticas sobre a preservação dos kaijus, e em alguns momentos, há o desejo de saber mais sobre o funcionamento da Sociedade, se existem conflitos dentro do quadro de funcionários, as razões maiores de proteção desses monstros, mas o foco recai, em vez disso, sobre as ações e aventuras que mantêm o ritmo do livro acelerado.
A Sociedade de Preservação dos Kaiju é uma leitura perfeita para quem procura um escape bem-humorado, cheio de ação e com uma equipe de personagens cativante e diversa. Em um mundo que passa por um momento difícil, Scalzi nos presenteia com um universo onde humanos e monstros coexistem, nos lembrando de que a fuga para um bom livro pode ser um remédio poderoso.