“O Olho Mais Azul”, escrito por Toni Morrison, é uma obra que nos mergulha nas profundezas da experiência afroamericana, explorando questões de identidade, beleza, racismo e o peso da história. Neste livro, Morrison nos presenteia com uma narrativa poderosa e complexa, que ressoa além das páginas e nos convida a refletir sobre nossa própria humanidade.
O livro nos apresenta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra que cresce nos Estados Unidos dos anos 1940. Pecola é zombada pelas outras crianças por sua pele escura e cabelo crespo. Ela anseia por se encaixar no padrão de beleza da sociedade: quer ter olhos azuis, como a atriz mirim Shirley Temple. O desejo de Pecola por aceitação e amor a leva a um caminho doloroso e trágico.
Pecola Breedlove é uma personagem profundamente marcante. Seu desejo de ter olhos azuis é uma metáfora poderosa para a busca incessante por aceitação e pertencimento. A sociedade americana dos anos 1940 impôs padrões de beleza eurocêntricos, que excluíam e marginalizavam pessoas negras. A obsessão de Pecola por olhos azuis reflete a internalização desses padrões e a negação de sua própria identidade.
O livro aborda de forma cirúrgica como era ser negro nos Estados Unidos da década de 1940. A violência, a exclusão e o sofrimento permeiam a vida de Pecola e de outros personagens. A autora nos mostra como o racismo estrutural afeta cada aspecto da existência, desde a infância até a vida adulta. A realidade de Pecola é uma tragédia emocional e social, e sua busca por aceitação é um grito de dor e desespero.
As experiências de Pecola ressoam com em nossa realidade brasileira, onde também enfrentamos padrões de beleza eurocêntricos, que excluem e marginalizam pessoas negras. O desejo de se encaixar, de ser notado e amado, é universal. Querer alisar cabelo, afinar nariz, se sentir preterido, querer olhos mais claros… Pessoas racializadas sabem como é isso.
“O Olho Mais Azul” é um livro que nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos e para a sociedade em que vivemos. A escrita de Toni Morrison é poética, visceral e transformadora. Ela nos lembra que a beleza está na diversidade, na aceitação de quem somos e na valorização de nossa própria história.
Que a voz de Pecola Breedlove ecoe em nossos corações, nos inspirando a construir um mundo mais justo. Essa obra é um chamado à consciência e à empatia. Que possamos aprender com ela e com todos aqueles que enfrentam as complexidades da vida com coragem e resiliência.