Resenha de Rei de Amarelo, de Richard W. Chambers

-

Publicado pela primeira vez em 1895, Richard W. Chambers nos apresenta um primeiro horror de universo, digamos, compartilhado. O seu tipo de terror é totalmente psicológico, explorando a insanidade, crueldade e perversidade da humanidade, já tinha sido explorada antes por outros autores, dentre eles o mais importante é Edgar Allan Poe, que revolucionou o gênero de suspense (policial ou não) trazendo todas as angústias e tristezas que sofria em sua escrita.


Editora: Clock Tower Rei de Amarelo, de Richard W. Chambers
Páginas: 160
Ano de publicação original: 1895

Sinopse:

Escrito em 1895 por Robert W. Chambers “O Rei de Amarelo” influenciou uma enorme geração de escritores. O livro é formado por quatro histórias que guardam relações entre si, tendo como pano de fundo uma entidade misteriosa chamada ‘O Rei de Amarelo.


Chambers escreveu então, em seus contos aqui compilados, algo de diferente. Ao colocar um livro dentro do livro em que todos os seus personagens já ouviram falar ou propriamente leram seus versos bonitos e caídos. Seu primeiro conto, “O reparador de reputações”, é o que mais deixa isso explícito. Já dando todos os traços da escrita do autor trabalhando muito bem as motivações, sentimentos e pequenos sinais, amostras e prenúncios, das insanidades desenvolvidas. Sem dúvida, o melhor conto do compilado.

Os outros contos que vêm em seguida: “A máscara”, “No pátio do dragão” e “O emblema amarelo” caminham neste mesmo caminho. O primeiro, um pouco mais fantasioso e menos cruel, mostra os perigos da alquimia. Já o segundo e o terceiro, pegando pátios e salões de igrejas esplendorosas, são bem mais densos ao aprofundar nas mentes dos protagonistas perdidos dentro de si mesmos ou de um certo livro. Paranoia, adrenalina e terror navegam nos pensamentos em primeira pessoa dos personagens principais.

Contudo, quando chegamos no conto “A Demoiselle d’Ys”, temos uma transição. Nesta clássica história de suspense, pegando elementos e antagonistas conhecidos do gênero, Chambers vai mais a fundo no romance, apresentando como ele pode estar muito próximo da insanidade ou de outras emoções mais fortes. Um final impactante, mas que já mostrava o quanto o romance faria parte dos contos conseguintes.

“O paraíso do profeta” nos traz um conjunto de pequeninos diálogos que mostram o peso de uma relação não muito bem resolvida ou iniciada. Já em “ A rua dos quatro ventos”, a estranheza e a solidão se fazem presentes em um ritmo forte e curto. Então temos em seguida “A rua da primeira bomba” com um gênero totalmente diferente. Uma narrativa sobre a guerra, pequenas alegrias e fome. Em meio a destroços, se encontrou a esperança. Algo que não dava para se esperar em uma obra de um autor que inspirou HP Lovecraft.

Para encerrar, temos o conto “A rua de Nossa Senhora dos Campos” que nos traz uma história romântica com muitos momentos de tensão, mesmo com a agilidade para bons diálogos e o caminhar de um acontecimento a outro, característico de Chambers. Assim como, no último conto chamado de ”Rue Barrée”, que é passado praticamente no mesmo lugar do conto predecessor, com mais uma vez a sanidade sendo desafiada em face ao amor inocente e puro de dois jovens. Porém, o final ambíguo não nos faz fechar as portas da interpretação para o sucesso ou não, dos personagens.

O compilado nos mostra o quão vasta era a escrita de Chambers, que não se limitava apenas a trazer o terror puro e psicológico, como também se aventurava em casos conspiratórios e aventurescos da guerra – ou até mesmo – ao limiar da sanidade em encarar o amor com toda vontade que existe dentro das mentes e corações.

Caíque Apolinário
Caíque Apolináriohttp://bookstimebrasil.com.br
(elu/delu - ele/dele) Escritor de quatro livros de ficção cientifica e host de alguns podcasts do portal. Viciado em café, multi tarefas e o suporte de toda a equipe.

Compartilhe

Posts Recentes

Mais postagens

Recent comments

Publicado pela primeira vez em 1895, Richard W. Chambers nos apresenta um primeiro horror de universo, digamos, compartilhado. O seu tipo de terror é totalmente psicológico, explorando a insanidade, crueldade e perversidade da humanidade, já tinha sido explorada antes por outros autores, dentre eles...Resenha de Rei de Amarelo, de Richard W. Chambers