Mais um crime que precisa da mente (e bigode) perspicaz de Hercule Poirot para ser solucionado, em qual há muitas pistas falsas ao longo do caminho e, nem todos parecem contar a verdade. Não tente tomar decisões tão cedo neste tão falado thriller.
Editora: Globo Livros
Páginas: 296
Ano de publicação original:1923
Sinopse:
Monsieur Hercule Poirot recebe uma misteriosa carta de um milionário sul-americano, monsieur Renauld, dizendo precisar dos serviços de um detetive e pedindo sua ajuda. A carta não dá detalhes do caso, nem informa exatamente o que está perturbando monsieur Renauld, só menciona que sua vida está em perigo. Imediatamente Poirot, seguido de seu assistente, o inseparável Hastings, parte para Merlinville-sur-Mer, uma pequena cidade no litoral francês onde reside o milionário. Porém, ao chegarem à casa de monsieur Renauld, descobrem que ele foi assassinado naquela noite, em um crime brutal: Renauld fora apunhalado pelas costas, estirado ao lado de uma cova no campo de golfe da propriedade. Quem teria motivos para assassinar monsieur Renauld? Por que Poirot tem a estranha sensação de que muitas coisas lhe são familiares neste caso? Monsieur Renauld tem ou não tem uma amante? As provas não se encaixam, os testemunhos são contraditórios e Poirot tem algo a mais com que se preocupar: a presença de Giraud, um famoso detetive francês da Sûreté de Paris, que também acompanha o caso e tem sérias divergências quanto aos métodos empregados por Poirot. Em um dos mais complicados casos que já investigou, Poirot irá usar toda sua argúcia e suas “células cinzentas” para descobrir quem assassinou monsieur Renauld e desvendar todas as complexas circunstâncias desta ardilosa trama na qual, além do assassino, o amor também se revela.
Assassinato no Campo de Golfe nos traz mais um caso do detetive particular Hercule Poirot narrada em primeira pessoa pelo coadjuvante Capitão Hastings. Eles são chamados à aventura por conta de um recado enigmático enviado da França pelo Sr. Renauld, que teme pela própria vida, pedindo então o auxílio do estrelado detetive belga. Ao chegar no local, são informados que chegaram tarde demais e a morte já arrebatou o remetente do recado. E, inclusive, a investigação já começou, com o intragável Giraud andando de modo arrogante pelo lugar. Porém Poirot, acha que pode ter muito a ensinar sobre o caso.
Os personagens são bem construídos, pegando como base as intrigas familiares que ameaçam mentes e corações dos vários núcleos de investigação. Isso faz com que os diálogos sejam dinâmicos e interessantes, nos fazendo crer que sempre há um segredo por trás de cada cena.
Mesmo quando desmascarados, aquela pulga atrás da orelha vira tradicional.
A escrita de Agatha Christie segue excelente, dando dinamismo característico, apesar de ser irritante acompanhar a história pelos olhos de Hastings. O personagem que faz papel de “Watson” aqui é totalmente inquieto, ingênuo, precipitado e, em diversas formas, amador sobre como lidar com a emoção e a razão no momento de dar andamento às investigações. Os momentos de simpatia não são tão equilibrados com os de antipatia, e apenas Poirot consegue dar protagonismo digno na história.
A estrutura Christie de dar andamento ao enredo continua aqui, com foco na psique de cada suspeito e de maneira dinâmica ligar cada fato, com uma incômoda ausência de críticas à sociedade ou às situações. A resolução vem de maneira diferente das tradicionais, mantendo a sua assinatura ainda em voga. Este, é um daqueles livros que você começa a ler em uma viagem e sofre para ter que parar, pois a trama ainda é envolvente. Bom clássico de suspense policial que pode ser facilmente achado em qualquer sebo e\ou livraria.